Sempre me disseram que travar batalhas era bonito e necessário. Sempre acreditei nisso, e creio que inúmeras das batalhas que me arrisquei a tomar foram por impulsos e desnecessárias. O simples prazer de ter uma luta que lave minha alma já é um pagamento de bom tamanho. (Claro, costumo trabalhar de graça...)
Na verdade, creio que grande parte das batalhas que adentrei foram simplesmente pelo bem alheio. O que fazer? Não consigo dedicar minha alma a mim mesma, sem ter outras pessoas sendo influenciadas pelas minhas ações.
Mas desistir de uma batalha, como deve soar? Uma perda? Ou melhor ainda: como se decide abandonar uma causa?
... Fazia dias que não dormia, e fazia meses que eu sabia da necessidade do sono em dia, que ele logo me faria falta. Eu sabia que logo chegaria o momento do não dormir e do inventar historinhas e dramas para tentar ocupar a mente e, assim, talvez tornar viável dormir alguns momentos, ignorando os reais problemas.
Foi quando as coisas mudaram de figura. Aceitei passar por carrasca, apenas por saber o que era o meu certo, e postei-me indiferente à incompreensão alheia. Eu sempre soube o quão necessária é minha ação quando quero algo bem feito, principalmente tratando-se de assuntos familiares.
Hoje sei que sou desnecessária. Não por ser inútil, mas simplesmente sou fácil demais, principalmente quando sou difícil.
Travar uma batalha mostra claramente que tem dois lados, e para uma batalha ser ganha com plenitude, é necessário que haja estratégia e lógica, fora a minha ambição do existir: o coletivo. A partir do momento em que passamos a nos armar, mesmo quando ninguém matou o maldito príncipe ainda, há o ideal.
O ideal não morreu. Nossa, seria muito fácil viver se meus ideais morressem. Mas como disse antes, luto pelos outros, e sou um ótimo escudo humano! É fácil bater na comissão de frente, é pra isso que ela está lá! (Sim, meu lado kamikase anda aflorando)
Mas... e quando o rei, o defendido, aquele por quem se bate a luva no rosto, simplesmete diz que não pode fazer nada? Quando ele se posta dizendo que a tua tarefa é necessária, apenas para ele não ter de tomar pose e mostrar a espada?
Sim, a guerra acabou.
Redefini meus conceitos em 15 minutos, e notei que nenhum rei que não quer aprender merece que lutem por ele. Na verdade, esse rei não merece ter uma luva para disputar com ninguém! A partir do momento em que as pessoas desistem de crescer, elas não valem mais. A alma acabou. O amor acabou. E isso não é drama: é apenas uma das verdades tão obtusas do caso. Quando uma pessoa tão capaz desiste de si mesma, e decide que o errado não merece ser contestado, a estrada sinuosa fica reta, e os caminhos alternativos se mostram muito mais sedutores.
Essa noite eu dormi.
E é estranho... o lado de cá está escurecendo...